Bratislava: Da Eslováquia com amor

Bratislava é uma cidade muito especial, uma vez que é uma das capitais atravessadas pelo Rio Danúbio, a inspiração de Johann Strauss… treta! Na realidade, Bratislava foi a minha porta de entrada para a Europa de Leste e tive o prazer de viver lá durante um ano. Ter vivido lá, per si, não a torna especial, mas o que lá vivi sim.


Enquanto cidade, Bratislava é bastante pequena (cerca de 400 mil habitantes) e na realidade, só precisas de um dia para conhecer toda a sua zona histórica. Mas, apesar de pequena, Bratislava consegue ser extremamente encantadora durante todo o ano. No Verão podemos aproveitar para ir até um dos lagos da cidade (ou limítrofes) e mandar um mergulho, ou podemos limitar-nos a sentar numa esplanada e saborear um bela cerveja (a Eslováquia produz da melhor cerveja do mundo). No Inverno, podemos patinar em pistas de gelo e ser envergonhados por qualquer miúdo de 6 anos (o hóquei sobre o gelo é o desporto nacional e desconfio que quando um Eslovaco nasce, já tem um par de patins calçado), ou ir até uma barraquinha e reconfortar o estômago com “comida de dedo” (ex. uma bela salsicha grelhada) e vinho quente com especiarias.

Uma vez com o estômago cheio, vale a pena subir ao castelo e apreciar a paisagem. O rio Danúbio é de facto uma fonte de inspiração, mas para além disso também divide a cidade em duas, e é na margem direita  que encontramos a “cidade soviética”, Petržalka.

Petržalka é essencialmente uma zona residencial constituída por blocos de apartamentos chamado panelaks, um neologismo para os edifícios construídos a partir de painéis de cimento e que foram amplamente construídos, durante a era comunista, em todo o antigo Bloco de Leste. É interessante verificar o estilo funcionalista que caracterizava a arquitectura soviética, que nitidamente relegava a beleza e se concentrava no aspecto funcional da construção e do planeamento urbanístico. Em suma, é tudo muito recto, muito direito, muito sem cor, muito opressor. Petržalka, acaba por ser o retrato perfeito de um tempo que não deixou saudades.

Como já deu para perceber, será na margem esquerda do rio que deves concentrar a tua viagem, uma vez que é nesta margem que está situada a Bratislava antiga. Neste últimos anos a cidade tem-se desenvolvido muito, o que faz com que já não seja um destino propriamente “low cost” (diz adeus a 0,5l de cerveja por 0,5€), contudo ainda é bastante acessível.

Uma das ruas que deves explorar é a Obchodná, que é conhecida pelas suas lojas, cafés, bares e restaurantes. Será nesta rua que irás encontrar o Slovak Pub, um restaurante que é ponto de paragem obrigatório, uma vez que é óptimo para experimentar a gastronomia local. Dentro da oferta do seu vasto menu, recomendo vivamente a sopa de alho, que é servida no interior de um pão caseiro; o queijo Bryndza frito com molho tártaro (nunca consegui comer queijo frito em Portugal, ajudem-me porque fiquei viciado e já ando a ressacar) e Pirohy, que são uma espécie de bolinhos de massa cozida que é recheada com carne, bacon e natas (também pode ter outros tipos de recheio). Bebe em abundância cerveja Zlatý Bažant, porque para além de ser óptima, tem uma particularidade que agrada bastante, é leve. Se não gostares de cerveja, podes sempre pedir Kofola, um refrigerante Eslovaco do tipo “Coca-Cola”, que é inclusivamente mais vendido e consumido do que esta.

Nesta mesma rua, também podes encontrar um dos bares mais interessantes da cidade, o KGB, que tem uma decoração bastante sui generis, motivos soviéticos. Seguramente que ainda hoje vais encontrar uma estatua do Lenine e um grande quadro do Estaline. No que toca à música, é rock internacional (nada que te puxe), mas no que toca à bebida, é um dos poucos sítios onde se pode beber cerveja Razane, que é cerveja “normal”, misturada com cerveja preta (divinal!).

Se gostas de dançar, podes sempre continuar a noite na Rua Michalská (basta saíres da Obochdna em direcção à Torre de S. Miguel) e entrar no Havana Club. Não me vou alongar muito quanto às virtudes de ir a um bar com música latina, na Europa de Leste, imaginar o cenário é suficiente.

Como a vida não é feita apenas de borga, a cidade também tem uma oferta cultural interessante e podes desfrutar de uma boa ópera ou bailado. Os bilhetes são baratos, uma vez que estes espectáculo não são exclusivamente consumidos por elites intelectuais (mas mesmo assim ainda vão poder encontrar pessoas com casacos feitos de chinchila).

Em suma, em Bratislava a diversão é garantida. E se normalmente, isto é suficiente para te fazer viajar, acredita que a cidade consegue ir ainda mais além. Tudo graças aos Eslovacos, que são um povo fantástico, amigável, comunicativo, divertido e verdadeiramente hospitaleiro, no fundo muito semelhante a nós. A cereja no topo do bolo, será o gosto que nutrem pelo álcool e a beleza do povo no geral. 

De que estás à espera? Vai até Bratislava e deixa-te envolver pelo espírito desta pequena capital de Leste.

Viagem: O ideal é apanhares um avião de Lisboa para Viena e posteriormente apanhar um autocarro, para Bratislava, no aeroporto. Uma reserva feita com alguma antecedência permite-te comprar um bilhete de ida e volta por cerca de 190€. O bilhete de autocarro custa 7,7€ e a viagem demora cerca de 30 minutos.

Estadia:
A estadia num bom Hostel no centro da cidade, fica entre 15 e 20€/dia. Se quiseres mais conforto podes sempre optar por um Hotel. Reservar um quarto duplo por 10 dias num Hotel 3 Estrelas, fica entre 350 e 400€ (35 a 40€/dia por pessoa).

PS: Se quiseres ir a Bratislava contacta-nos. Se não quiseres ir, espera por outro post ou então compra um pára-quedas e leva um pouco de Bratislava até ti (É verdade! Foi um Eslovaco que inventou o pára-quedas).