Praga: Uma cidade entre a leveza e o peso, entre o amor ideal e o amor real

As cidades não são só feitas de pedra, betão e ferro forjado. As cidades não são só feitas de teatros, casas de espectáculo e obras de arte. As cidades são feitas de tanques que esmagam flores. As cidades são feitas de histórias que se passaram na casa número 29. As cidades são feitas de palavras, de enredos, de compromissos, de liberdade, de um cão a correr no parque e de um chapéu de coco numa mezinha de cabeceira.


E neste contexto que surge Praga, uma cidade erguida nas colinas de ambas as margens de um rio sinuoso, o Vltava, dividida entre Nova e Velha e com um enorme património tangível e intangível.

A capital da Republica Checa, possui um centro histórico que é preservado como se de um cristal de Boémia se tratasse, por isso foi sem espanto, que em 1992, passou a pertencer à lista de património cultural mundial da UNESCO. A simbiose única de todos os estilos arquitectónicos que encontras na cidade - as rotundas românicas, torres góticas, mansões e palácios renascentistas, sinagogas judias até as igrejas e conventos barrocos - , aliada à infinidade de ruelas românticas de traçado irregular, torres douradas, cúpulas de igrejas, Arte Nova e Arte Moderna, faz com que Praga justifique todos os apelidos que já recebeu: “cidade dourada”, “pequena Paris”, “mãe de todas as cidades”, “coração da Europa” e "cidade das cem cúpulas".
Em Praga distinguem-se 5 zonas históricas: o Castelo (Hradcany), Malá Strana (Parte Pequena), a Cidade Velha (Stare Mesto), a Cidade Nova (Nove Mesto) e o bairro Josefov (a Cidade Judia).

Dentro do vasto património que integra estas 5 zonas, sem dúvida que pela sua imponência, o monumento que mais se destaca é o Castelo de Praga. Esta fortificação da colina Hradcany, foi construída entre os séculos XIV e século XVII, e desde então que domina a capital na margem esquerda (oriental) do Vltava. Esta antiga residência dos reis da Boémia é onde mora actualmente o presidente da república checo. Ao lado do castelo, ergue-se a grande catedral gótica de São Vito (tens que subir à torre do relógio, são mais de 280 degraus em caracol, mas a vista para a cidade é magnífica e vale cada degrau) e o Belvedere em estilo renascentista.

Ao desceres a colina do castelo, entre as numerosas pontes que atravessam o rio Vlatva, vais encontrar a Ponte Carlos (Karluv Most). Esta imponente ponte, está decorada com 30 estátuas que representam vários santos e é a artéria vital que liga o Castelo de Praga à Cidade Velha.

Uma vez na Cidade Velha, vais poder desfrutar de teatros, museus, ruelas, prédios e da vida da Praça da Cidade Velha. E neste ponto icónico da cidade de Praga, que costumam estar barraquinhas com artesanato e comida local, ocasionalmente, um espectáculo de marionetas (muito populares em Praga). No Verão desfruta das esplanadas e aproveita para beber uma  Budvar (quem diz uma, diz duas ou três) bem fresca. Uma vez na Praça, lembra-te de verificares as horas no teu relógio e se a hora estiver a mudar, move o olhar na direcção do relógio astronómico Orloj. O relógio astronómico de praga é uma peça única, que ainda hoje faz parar os habitantes locais aquando da mudança da hora (e se para os locais, é bem capaz de te fazer parar a ti).

O bairro Malá Strana (Cidade pequena) é outro ponto de visita obrigatório, é onde vais encontrar as igrejas barrocas de São Nicolau e do Loreto, bem como numerosos palácios da nobreza Checa do século XVII, em estilo barroco. Como Praga é um cidade de contrastes, vais encontrar em Malá Strana, a parede Lennon, um túmulo simbólico pintado a graffiti e com poemas do John Lennon escrevinhados.

Realmente existe um cem número de pontos de interesse em Praga. Mas concentra-te, olha para o mapa e vai na direcção da Cidade Nova, aqui vais encontrar a estátua de São Venceslau e o Museu Nacional. Outros monumentos de destaque são o Prikopy, local da antiga fortaleza; o Teatro Tyl, onde estreou a ópera Don Giovanni, de Mozart; o Teatro Nacional, de 1883 e a estátua do líder hussita Jan Ziska.

Seguramente que neste ponto, Praga se apresenta como uma capital que almeja a perfeição e é exactamente por isso, que possui um lado sombrio. Este lado, é um reflexo da sua história, que faz com que nesta cidade ainda vivam fantasmas. É fundamentalmente no bairro Josefov (a Cidade Judia), que vais encontrar estes fantasmas, mas não vais estar sozinho, uma vez que aqui chegam visitantes de todo o mundo para recordar as vítimas das perseguições nazis. No bairro Josefov, podes encontrar o gueto, o cemitério judaico (do século XII) e a sinagoga.

Um poeta caracterizou Praga como uma sinfonia de pedra, exprimindo de forma perfeita o seu carácter e beleza única. No entanto, o centro histórico de Praga não representa somente os testemunhos de pedra do passado. Praga sempre foi e será uma cidade viva, com uma quantidade invulgar de teatros e salas de concerto, mais de 20 museus e quase 100 galerias. Praga é tão rica e variada, que nos faz acreditar que no final de cada rua pode estar a realização de um sonho.

Em suma, Praga tem o charme das grandes cidades europeias e a tranquilidade de uma cidade pequena que pode ser visitada em poucos dia. Se gostas de ler romances, aproveita para ler "A Insustentável Leveza do Ser", do Checo Milan Kundera, seguramente que vais ver e sentir a cidade muito mais profundamente.

Viagem: O ideal é apanhares um avião de Lisboa para Praga. Uma reserva feita com alguma antecedência permite-te comprar um bilhete de ida e volta por cerca de 180€.

Estadia: A estadia num bom Hostel no centro da cidade, fica entre 15 e 20€/dia. Se quiseres mais conforto podes sempre optar por um Hotel. Reservar um quarto duplo por 7 noites, num Hotel de 2 ou 3 Estrelas, fica entre 250 e 300€ (18 a 22€/dia por pessoa).

PS: Se quiseres ir a Praga contacta-nos. Se não quiseres ir, espera por outro post ou então compra “A Insustentável Leveza do Ser” e leva um pouco de Praga até ti.